terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Aviação brasileira se consolida em 2009



Aviação brasileira se consolida em 2009

A aviação brasileira teve grande destaque nos noticiários de 2009. Acontecimentos marcantes, tanto positivos quanto negativos, ganharam as páginas dos jornais neste ano, tanto da aviação civil quanto das companhias aéreas e dos aeroportos.
Em outubro, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) anunciou que o número de passageiros embarcados cresceu 10,1% nas empresas brasileiras no ano de 2008, comparado a 2007. Nos últimos dez anos, o volume de passageiros que voaram em companhias nacionais deu um salto de 146%, passando de 22,8 milhões em 1998 para 56,2 milhões em 2008. Grande parte deste crescimento, segundo a agência, foi impulsionado pela liberdade tarifária, aprovada em abril pela Anac para todos os voos internacionais de empresas regulares, nacionais ou estrangeiras, partindo do Brasil. Até então, os preços das passagens aéreas tinham que obedecer a um preço mínimo, inibindo a realização de promoções. Outro benefício foi o aumento da eficiência, com voos mais pontuais: os atrasos acima de 30 minutos estiveram em torno de 10% do total de voos em 2009, ante 17% de 2008.
"Podemos destacar vários pontos positivos, mas o principal é o aumento da segurança: não houve nenhum acidente na aviação regular brasileira em 2008 e 2009. A Anac recebeu 100% de aprovação na auditoria da FAA (Federal Aviation Administration, agência reguladora dos Estados Unidos) e o Brasil ficou entre os dez países do mundo mais bem avaliados pela Oaci", ressalta a diretora-presidente da Anac, Solange Vieira. "O passageiro também contou com preços mais baixos: o quilômetro voado no Brasil, acumulado até outubro, custava R$ 0,47. É o menor valor desde 2002; 27% mais baixo do que o acumulado do ano de 2008", completa.
Apesar dos bons ventos no setor, o acidente do voo AF 447 da Air France, que saía do Rio de Janeiro e aterrissaria em Paris, foi o fato triste do ano. A aeronave, um A330-200, desapareceu no Oceano Atlântico no dia 1º de junho, com 228 pessoas a bordo. Semanas depois, foram achados alguns destroços e poucos corpos foram encontrados - apenas 51. A caixa preta não foi encontrada até o momento, mesmo com as buscas da Marinha, Aeronáutica e do BEA (Agência Francesa de Investigação Aérea), que mandou representantes ao Brasil. Até hoje, a causa da queda é desconhecida.
A Justiça do Rio determinou que a Air France indenize algumas famílias das vítimas do acidente. A Associação dos Familiares das Vítimas do Voo Air France 447 entraram na Procuradoria-Geral da República com pedido de abertura de inquérito criminal contra os possíveis responsáveis pelo acidente, mas as investigações ainda não foram iniciadas.
Crise econômica
O presidente da Abetar (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional), Apo stole Lazaro Chryssafidis, o Lack, afirma que o setor aéreo no Brasil passou por dificuldades em 2009. "Tivemos alguns eventos que nos preocuparam. Primeiro, a dúvida sobre o impacto da crise que se iniciou nos Estados Unidos em 2008, pois não sabíamos com que intensidade ela nos atingiria. Nos voos internacionais e para alguns destinos na América Latina, ela foi implacável e intensa. Depois foi a questão da Gripe H1N1", apontou Lack. "Isto nos pegou num momento em que os planos de expansão de investimentos e aumento de frota estavam na fase de execução e havia algumas decisões importantes que precisavam ser tomadas. Mas confiamos na gestão do governo brasileiro e na situação econômica do nosso País".
Lack acredita que os pontos positivos na aviação devem ser bastante comemorados. "Conseguimos sensibilizar os nossos parlamentares que estruturaram, sob a liderança do deputado federal Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB) , a Frente Parlamentar em Defesa do Transporte Aéreo Regional. Este fato histórico nos deu uma visibilidade maior e uma representatividade institucional diferenciada", exaltou o presidente da Abetar. "Conseguimos através do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), vice-presidente da FPDTar, o tão sonhado 'Fundo de Aval'. Sob a coordenação do Ministério da Fazenda incluímos o segmento de aviação civil no Fundo de Garantia à Exportação, que poderá ser utilizado para securitizar operações de financiamento com o BNDES", completou.
Aeroportos
Também foi destaque o Aeroporto Santos Dumont, do Rio de Janeiro. Logo no início de 2009, uma audiência pública realizada pela Anac visava definir a utilização do aeroporto para outros destinos, além da Ponte Aérea Rio-São Paulo e de voos para o interior do Estado. Não houve consenso e nada mudou naquela ocasião. Alguns meses depois, a Anac obteve finalmente a liberação do aero porto central carioca para a realização de voos regionais, o que causou reclamações do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Para o político fluminense, a autorização de voos regionais no Santos Dumont poderia destruir a malha doméstica de conexão para os voos internacionais que vem sendo retomada no outro aeroporto da cidade, o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão). "É uma medida equivocada. Porque sem essa conexão doméstica, não existe vôo internacional. Eu acredito que a Anac, neste momento, está destruindo a oportunidade de fortalecimento do Aeroporto Internacional Tom Jobim", disse Cabral, na ocasião. Porém, a medida foi mantida.
No primeiro semestre, o Santos Dumont enfrentou a polêmica abertura para voos noturnos e a emissão da licença ambiental que restringiu voos que passam por vários bairros da cidade, o que revoltou moradores do entorno e colocou a Anac e a Prefeitura do Rio em contra-posição.
Outro aeroporto que teve sua r otina alterada foi o de Viracopos, em Campinas. Com a entrada da companhia Azul - que sem autorização para voar em Congonhas fez do local o seu hub - o subutilizado aeroporto paulista teve grande aumento na movimentação, com 1,2 milhão de passageiros passando pelo aeroporto apenas no primeiro semestre. Assim como o Galeão, Viracopos é um dos aeroportos que podem ser privatizados em breve. Porém, tal tema foi bastante comentado e acabou não encontrando um desfecho neste ano, com promessas de modelos de concessões ainda indefinidas.
"Em 2009, o passageiro ganhou mais opções para voar: as companhias aéreas menores tiveram acesso a aeroportos mais procurados, como o Santos Dumont, e isso aumenta a concorrência", ressalta Solange Vieira.
Mudanças nas empresas
Em outubro deste ano, as principais companhias do País iniciaram mudanças em seus quadros de executivos. David Barioni Neto deixou a presidência da TAM, posição que ocupava há cerca de um ano. Sem dar mais explicações, a companhia apenas divulgou comunicado: "A TAM comunica que o comandante David Barioni Neto deixou hoje a Presidência da empresa por decisão própria". O então vice-presidente de Finanças, Gestão e TI e diretor de Relações com Investidores, Líbano Miranda Barroso, que trabalha na diretoria da companhia desde 2004, assumiu interinamente a presidência da TAM.
A concorrente também fez alterações. A Gol Linhas Aéreas fez em 2009 mudanças organizacionais. Em novembro, a companhia anunciou a demissão dos vice-presidentes Tarcísio Gargioni (Marketing e Serviços) e Maciel Ramos (Planejamento e TI), que ocupavam as funções desde o início da empresa. A Gol substituiu os diretores Francisco Eustáquio Mendes (Manutenção) por Alberto Corrienti e Marco Antonio Piller (Aeroportos) por Sydnei Casarini. "A reestruturação aconteceu para acompanhar a evolução do mercado, que está caminhando nessa direção. Estam os deixando a empresa mais integrada, com uma maior colaboração entre as áreas", explicou o diretor comercial da Gol, Eduardo Bernardes. "Com essa iniciativa, nós vamos passar a operar exatamente da forma como o mercado exige e isso certamente será um diferencial competitivo a nosso favor. E o melhor: faz todo sentido do lado da eficiência e da sinergia, em que profissionais de áreas afins estarão trabalhando mais próximos".
Neste ano, a Gol conquistou a certificação Iosa (Iata Operation Safety Audit), concedido pela Iata (International Air Transport Association) e reconhecida como o padrão mundial para avaliação do gerenciamento de segurança operacional e de controle das empresas aéreas. "A obtenção do certificado, além de elevar o nível de credibilidade e confiança na segurança das operações da Gol, reflete a excelência da companhia nessa área e amplia o potencial para uma série de oportunidades comerciais, como a assinatura de acordos de codeshare co m empresas aéreas estrangeiras", disse Bernardes.
Após um 2008 conturbado com a crise econômica e o aumento do preço do combustível para aviação, as maiores companhias do Brasil mostraram recuperação. TAM e Gol obtiveram em 2009 a notícia de que são as duas empresas mais lucrativas do setor no continente americano, segundo levantamento da consultoria "Economatica", que exclui o Canadá e considera apenas empresas de capital aberto. No acumulado do ano, o lucro da TAM somou US$ 674 milhões, e o da Gol, US$ 267 milhões. Em terceiro lugar, está a chilena LAN Chile, com ganhos de US$ 122 milhões. No ranking que reúne as dez mais lucrativas, todas as demais são dos Estados Unidos.
"Em 2009, o setor aéreo se expandiu fora de São Paulo e as empresas de menor porte aumentaram sua participação de mercado: juntas, a Azul, OceanAir, Passaredo, Trip/Total, Webjet e outras menores já representam em novembro quase 14% do mercado brasileiro , um salto de 67,5% em relação ao mesmo mês de 2008", apontou Solange Vieira. "E isso não significou redução do mercado, pelo contrário, o mercado cresceu e está mais distribuído entre as empresas".
Fonte: Revista Aviação por Fernando Pratti e Pablo RiberaConfira outras notícias no site da ABETAR http://www.abetar.com.br/

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